o esboço era voz:
balões prateados, fotografia
de trela, toalha lavada,
missa ou riviera vazia,
bolas, frangos,
turismo, aviões,
beijos de novela,
veleiro, estatística,
cera, sorte especialista,
natais de televisão ligada,
marisco estragado,
comandos, instrução,
brasões, cavaleiros,
verões de auto-estrada,
latires saudosos
de noite
em refrão
a cada ano cada nota,
a cada nota meio quilómetro
(o meio quilómetro que
a cada ano o país crescia)
o timbre sumia
nos muros,
sondava o fundo
em flutuar
Guilherme Vilhena Martins nasceu em 1996 em Lisboa, e atualmente vive em Berlim. Estudou filosofia e trabalha como escritor, curador e programador cultural. O seu trabalho literário consiste em dois livros – ‘Háptica’ (douda correria, 2020) e ‘Voz/ Estudo de Som’ (edição de autor, 2022) – e textos, crónicas e críticas escritas para diversos projetos em português e inglês. É um dos co-fundadores e membros do EGEU, estabelecido em 2019 em Lisboa, onde geriu e editou ‘Alcazar’, um projeto literário interdisciplinar.