— Epiderme de argila
O insistente marrom do cedro africano
Esta cor de fim de céu a oeste
Areia de siena queimada/o vermelho que
se esconde — a argila a ferrugem a forma
Pátina sobre a face dos antepassados
O chão da estrada
O pó que persegue pneus e se cansa
A argila das sandálias
A meia de poeira do andarilho
até os joelhos
Argila ao redor dos olhos
Íris de mel silvestre
A forma que trai o olhar
O céu de zinco fundido
A teoria dos sistemas tangentes
A libido dos sistemas
A dízima periódica das formigas
A reticência numérica da vida
Há poemas à revelia
e histórias para “tirar de tempo”
O sertão é um conto de cem arremates
Wellington Amancio da Silva é sertanejo nascido e criado no interior da Alagoas. Professor da rede pública, músico e mestre em Ecologia Humana. Publicou livros de ficção e de ensaios em lugares interessantes. É membro da equipe editorial da Revista Utsanga — Rivista di critica e linguaggi di ricerca. Fundou as Edições Parresia em 2019. É cofundador do Grupo Arborosa de literatura e arte, juntamente com Leo Barth e Mayk Oliveira. Destacam-se os livros, Figuras da indiferença (2019), Gumbrecht leitor de Martin Heidegger (2020), o reneval (2018), Primeiros poemas soturnos (2009), Apoteose de Demerval Carmo-Santo (2019), Os outros, sertão de argila escura (2021).
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