Todo mês
é como se um fantasma
se debatesse nos vãos
que meu sangue deixa
ao se esvair pastoso
e escuro
É como se
a ausência arranhasse
com agonia as paredes
que a comprimem
Todo mês
o que não foi
se manifesta em dor
no meu ventre
como memórias inexistentes
presságios fantasmáticos
do que me foi tirado
Uma vida
de laços despedaçados
nervos em frangalhos
mundo em ruínas
tomou de mim
uma vida
que poderia
ter preenchido a ausência
e parado as dores
e parado o sangue.
ÍRIS LADISLAU (1994, MG) é escritora e editora. É a idealizadora da micro editora Margem e autora dos livros Réquiem ou O sopro de Vênus (Urutau), Eu não sou a protetora das coisas frágeis (Penalux) e Memória Jovem: livro de memória da Moradia Universitária da UFMG (Margem).