Para Juliana Meireles
Correr o risco de enterrar nossos amores
num mundo corroído por canalhas
burocratas de classes sociais distintas
de grana e hábitos
brancos todos brancos
vestido em seu sorriso pálido branco
a palavra branda branca depois do velório
um pequeno alívio animadíssimo
com o remorso
chorar o choro do outro
é antecipar metade do nosso
logo ali
nunca cansado de velar
tanto desperdício
o Ocidente é genocídio
cuidar de filhos neste período é melancolia
fruto à altura da testa
bem maduro
falta de apetite olhando pro gosto.
MATEUS NOVAES, 40 anos, nascido, criado e enterrado vivo na cidade de Santo André-SP. Poeta não graduado. Sobrevive de trabalhos mal remunerados. É vocalista da banda Krias de Kafka. Em 2012 lançou o livro de poemas “Desistência” (Patuá). Em 2015, lançou a plaquete “TRETA: poema single” (Ave de Rapina). Tem alguns poemas publicados por aí. É pai da Alice e do Bernardo e simpatizante do tabagismo natural. O poema aqui publicado faz parte do livro “Um Frio de Hospício na Espinha”.